Nota Informativa nº 12/2024
Responsáveis: Ana Clara Teles Meytre – Secretária Municipal de Saúde, Vigilância em
Saúde, Atenção Primária à Saúde e Comissão Técnica de Enfrentamento às Emergências em
Saúde.
Assunto: Estratégias de contenção, controle e orientações assistenciais, epidemiológicas e
laboratoriais para a gestão da emergência – Mpox.
O atendimento inicial deve ser realizado, preferencialmente, nas Unidades Básicas de Saúde
(UBS), visando identificar casos suspeitos e prováveis de MPX. A Atenção Primária à Saúde
(APS), enquanto coordenadora do cuidado e ordenadora da rede, deve assumir papel central
nas ações de identificação, notificação e contenção de casos de MPX no território.
A APS deve estar organizada para acolher e classificar Considerando o Plano de
Contingência Nacional para Mpox:
São objetivos desta Nota Informativa:
● Orientar as equipes na definição dos casos e manejo adequado.
Assistência à Saúde
o risco dos indivíduos com sinais e sintomas de MPX. Essa classificação é dinâmica e
consiste em identificar o risco/vulnerabilidade do usuário, considerando as dimensões do
adoecer, e, dessa forma, orientar, priorizar e decidir sobre os encaminhamentos necessários
para esses usuários.
Embora a APS seja a principal porta de entrada para os serviços de saúde, casos de MPX
podem ser inicialmente identificados também no âmbito da atenção especializada. Desta
forma, todos os profissionais de saúde devem estar capacitados a identificar um caso suspeito,
assim como todos os serviços de saúde devem estar organizados para realizar atendimento,
diagnóstico, assistência dos casos, planejamento das medidas de prevenção e seguir fluxos
visando minimizar o risco de disseminação da doença.
A organização dos fluxos deve ocorrer conforme a realidade local, bem como a integração
entre os diferentes serviços necessários para a identificação, notificação, manejo e contenção
da doença.
01. Definição de caso:
Caso suspeito:
Indivíduo de qualquer idade que apresente início súbito de lesão em mucosas E/OU erupção
cutânea aguda sugestiva de Mpox, única ou múltipla, em qualquer parte do corpo (incluindo
região genital/perianal, oral) E/OU proctite (por exemplo, dor anorretal, sangramento), E/OU
edema peniano, podendo estar associadas a outros sinais e sintomas.
Lesões profundas e bem circunscritas, muitas vezes com umbilicação central; e progressão da
lesão através de estágios sequenciais específicos: máculas, pápulas, vesículas, pústulas e
crostas.
Caso provável
Caso que atende à definição de caso suspeito, que apresenta um OU mais dos seguintes
critérios listados abaixo, com investigação laboratorial de Mpox não realizada ou inconclusiva
e cujo diagnóstico de Mpox não pode ser descartado apenas pela confirmação clínico
laboratorial de outro diagnóstico:
1. Exposição próxima e prolongada, sem proteção respiratória, OU contato físico direto,
incluindo contato sexual, com parcerias múltiplas e/ou desconhecidas nos 21 dias
anteriores ao início dos sinais e sintomas; E/OU
2. Exposição próxima e prolongada, sem proteção respiratória, OU história de contato
íntimo, incluindo sexual, com caso provável ou confirmado de Mpox nos 21 dias
anteriores ao início dos sinais e sintomas; E/OU
3. Contato com materiais contaminados, como roupas de cama e banho ou utensílios de
uso comum, pertencentes a um caso provável ou confirmado de Mpox nos 21 dias
anteriores ao início dos sinais e sintomas; E/OU
4. Trabalhadores de saúde sem uso adequado de equipamentos de proteção individual
(EPI) com história de contato com caso provável ou confirmado de Mpox nos 21 dias
anteriores ao início dos sinais e sintomas. (óculos de proteção ou protetor facial ,
avental , máscara cirúrgica, luvas de procedimentos.)
Caso confirmado
Caso suspeito com resultado laboratorial "Positivo/Detectável" para Mpox vírus (MPXV) por
diagnóstico molecular (PCR em Tempo Real e/ou Sequenciamento).
Caso descartado
Caso suspeito com resultado laboratorial "Negativo/Não Detectável" para Mpox vírus (MPXV)
por diagnóstico molecular (PCR em Tempo Real e/ou Sequenciamento).
Grupos vulneráveis
São considerados grupos vulneráveis pessoas imunossuprimidas, gestantes e crianças.
Transmissão
A transmissão entre humanos ocorre principalmente por meio de contato pessoal com
secreções respiratórias, as lesões de pele de pessoas infectadas ou objetos recentemente
contaminados. Úlceras, lesões ou feridas na boca também podem ser infectantes, o que
significa que o vírus pode se espalhar pela saliva. As pessoas que possuem contato íntimo,
membros da família e parceiros sexuais, correm maior risco de infecção, assim como
profissionais de saúde. O período de incubação é tipicamente de 6 a 16 dias, mas pode chegar
a 21 dias (OPAS, 2022, BRASIL, 2022b).
Comunicação e Notificação de casos :
A comunicação de casos (suspeitos, confirmados e prováveis) é imediata e deve ser
realizada pelo telefone ou Whatsapp 3236-4909, Vigilância Epidemiológica Municipal. Após
a discussão e definição de caso suspeito, o profissional deverá preencher a planilha online
presente no link: https://form-monkeypox-sms-pm.netlify.app/ , este link também está
disponível na página da APS: https://sites.google.com/view/aps-par-de-minas-
mg/atendimento- sentinela?authuser=0
Diagnóstico Clínico:
A suspeição do diagnóstico de MPX deve ser feita com dados obtidos pela anamnese e pelos
achados clínicos, com destaque à identificação de vínculo epidemiológico, conforme a definição
de caso suspeito e provável. Geralmente, após o contato com o MPXV, o paciente apresenta:
● Período de incubação: varia de cinco a 21 dias, permanecendo assintomático.
● Pródromo: varia de um a cinco dias, cujos sinais e sintomas mais comuns são febre,
adenomegalia, mialgia, cefaléia e astenia (ressalta-se que sintomas prodrômicos não
são obrigatórios).
● Erupções cutâneas: lesões profundas e bem circunscritas, muitas vezes com
umbilicação central; e progressão da lesão por meio de estágios sequenciais
específicos – máculas, pápulas, vesículas, pústulas e crostas.
As lesões são frequentemente descritas como dolorosas até a fase de cicatrização, quando
começam a apresentar prurido. Devem ser diferenciadas de outras doenças com
manifestações mucocutâneas, como varicela zoster ou infecções sexualmente transmissíveis
(IST). É importante salientar que a MPX pode evoluir na presença de outras doenças, as quais
devem ser investigadas.
As lesões cutâneas ou mucosas podem ser únicas e, quando múltiplas, podem evoluir de
maneira não uniforme. Os sinais e sintomas prodrômicos podem estar ausentes ou iniciarem
após as lesões mucocutâneas.
É importante ressaltar que, no contexto atual, os seguintes sinais e sintomas podem ser
encontrados como manifestações clínicas iniciais:
● Dor anal
● Proctite
● Uretrite
● Edema peniano
● Retenção urinária
Contudo, a MPOX pode ser diagnosticada em indivíduos de qualquer idade, de qualquer
gênero, independentemente do comportamento sexual.
Diagnóstico diferencial
O MPOX às vezes pode ser confundido com outras doenças que são mais comumente
encontradas na prática clínica (por exemplo, sífilis secundária, herpes e varicela zoster).
Historicamente, relatos esporádicos de pacientes coinfectados com o vírus Monkeypox e
outros agentes infecciosos (por exemplo, varicela zoster, sífilis) foram relatados, portanto,
pacientes com erupção cutânea característica devem ser considerados para testes, mesmo
que outros testes sejam positivos.
Para fins de classificação se considera exposição próxima e prolongada sem proteção
respiratória; contato físico direto, incluindo contato sexual, mesmo com uso de preservativo;
ou contato com materiais contaminados, como roupas ou roupas de cama.
Diagnóstico laboratorial:
Exames laboratoriais devem ser solicitados pela equipe assistencial para todos os casos
suspeitos de MPX.
A testagem de contatos assintomáticos não é recomendada, excetuando-se gestantes e recém-
nascidos (conforme tópicos “recomendação para MPX no ciclo gravídico- puerperal” e
“cuidados com o recém-nascido de mulheres com MPX”).
O diagnóstico laboratorial é realizado por detecção molecular do vírus por reação em cadeia da
polimerase em tempo real (qPCR). O número de amostras depende das manifestações clínicas
do paciente:
• Para erupções cutâneas ou lesões de mucosa: dois a três swabs de sítios distintos
• Para crostas: quatro ou mais crostas ou fragmentos de crostas
As amostras deverão estar de acordo com as recomendações de coleta e devidamente
identificadas com nome completo do paciente (sem abreviações), data de nascimento e data
da coleta e em acordo com as recomendações de transporte de amostras descritas a seguir.
O profissional solicitante deverá preencher a ficha de notificação impressa e entregar a via
original junto as amostras para o Laboratório Municipal, localizado na UBS Nossa Senhora
da Piedade.
O Laboratório Municipal encaminhará as amostras com xerox das fichas de notificação e o
cadastro do GAL para o Serviço de Gerenciamento de Amostras Biológicas (SGAB) na
Fundação Ezequiel Dias (FUNED).
Considerando que as erupções características podem ser confundidas com outras infecções
como a sífilis, orienta-se que seja realizada a testagem rápida para sífilis e para HIV
como parte da investigação laboratorial dos indivíduos que apresentem erupção cutânea
aguda sugestiva.
Coleta das amostras
Realizada pela equipe de enfermagem EMAD-COVID e SAD, após discussão do caso pelo
médico assistente com a Vigilância Epidemiológica Municipal (3236-4909) e definição de
caso suspeito. A coleta será agendada após o preenchimento do formulário: https://form-
monkeypox-sms-pm.netlify.app/
O kit para a coleta das amostras estará disponível no Laboratório Municipal na UBS Nossa
Senhora da Piedade onde também deverá ser entregue a amostra após colhida, para sua
destinação final.
Orientação para coleta das amostras:
Amostras para PCR (Diagnóstico específico para Monkeypox)
Secreção de vesículas:
O ideal é a coleta na fase aguda ainda com pústulas vesiculares. É quando se obtém carga
viral mais elevada na lesão. As amostras de secreção de vesículas deverão ser coletadas
com swabs estéreis de nylon, poliéster, Dacron ou Rayon. Não utilizar swab de algodão para
esta coleta.
Coletar duas amostras (dois swabs) de lesões distintas, que deverão ser acondicionadas em
um único tubo contendo meio de transporte viral (MTV) e devidamente identificado. Também
pode-se puncionar com seringa o conteúdo da lesão e transferir a secreção para um tubo
estéril com tampa. Verificar se o tubo está bem vedado para evitar derramamento.
NÃO deverão ser encaminhadas amostras dentro de seringas com agulhas, devido ao risco
de acidente com material pérfuro cortante.
Amostra de vesícula aberta (colhida por swab):
● Identificar o tubo contendo MTV com nome completo do paciente, nome do material, e
data de coleta;
● Com auxílio de um swab estéril, recolher a secreção da região mais profunda da
lesão, esfregando vigorosamente a lesão, evitando áreas de necrose;
● Introduzir o swab no tubo, de forma que a ponta de rayon fique mergulhada no meio
MTV. Tampar o tubo verificando se está bem vedado para evitar derramamento.
● Devem ser colhidos 2 swabs, coletados de vesículas distintas. Os 2 swabs devem ser
inseridos no mesmo tubo.
Crostas:
Quando o paciente é encaminhado para coleta em fase mais tardia na qual as lesões já
estão secas, o material a ser coletado são crostas das lesões.
● Identificar o tubo seco e estéril com nome completo do paciente, nome do material
(crostas), e data de coleta;
● Selecionar preferencialmente as crostas menos secas, ou seja, coletar aquelas em
fase mais inicial de cicatrização, pois a chance de detecção de genoma viral ou da
partícula viral é maior;
● Coletar as crostas de pelo menos duas lesões com auxílio de uma pinça ou bisturi;
● Após a coleta, colocar todas as crostas no mesmo tubo SEM líquido preservante.
Tampar o tubo verificando se está bem vedado.
Medidas gerais de precaução para a Rede de Atenção à Saúde – RAS, Unidades
hospitalares e Isolamento Domiciliar
No momento do acolhimento, recomenda-se que o paciente com suspeita de MPX receba
uma máscara cirúrgica, com orientação quanto à forma correta do seu uso, e seja conduzido
para uma área separada dos outros usuários, se possível, enquanto aguarda a consulta
médica.
Durante o atendimento de casos suspeitos, prováveis ou confirmados de MPX na RAS, os
trabalhadores de saúde devem seguir, além das medidas de precaução padrão, medidas para
contato e gotículas. Devido ao risco de transmissão da doença, destaca-se a necessidade de
manter esses casos em ambientes isolados.
Caso não seja possível o isolamento, o paciente deve:
● Utilizar máscara cirúrgica.
● Cobrir as lesões.
● Seguir o distanciamento mínimo de um metro dos demais pacientes.
Dessa forma, os serviços de saúde devem:
● Identificar rapidamente um caso suspeito;
● Reduzir exposição de outros usuários(evitar ao máximo fluxo cruzado com os
ambientes que fazem assistência de população vulnerável)
● Procedimentos de controle do acesso de trabalhadores de saúde e, quando
autorizados, visitantes nos ambientes de isolamento
● Procedimentos seguros para a paramentação e desparamentação
● Procedimentos para o adequado processamento, acondicionamento e transporte de
roupas/artigos/equipamentos e outros produtos utilizados na assistência
● Procedimentos de rotina de limpeza e desinfecção concorrente e terminal das áreas e
de superfícies
● Gerenciamento dos resíduos sólidos.
EPIS recomendados para os profissionais de saúde:
● Máscaras cirúrgicas;
● Óculos,
● Luvas descartáveis;
● Avental.
Para Unidades pré hospitalares e hospitalares organizar o acesso da entrada no
ambiente de isolamento, sendo assim disponibilizados:
● Condições para higiene das mãos: dispensador de preparação alcoólica a 70% e
lavatório/pia com dispensador de sabonete líquido, suporte para papel toalha, papel
toalha, lixeira impermeável, lavável e com tampa com abertura sem contato manual;
● Equipamento de Proteção Individual (EPI) apropriado;
● Mobiliário para guarda de EPI e recipiente apropriado para descarte dos referidos
equipamentos de proteção individual.
Ressalta-se que os profissionais de saúde devem remover cuidadosamente o avental e as
luvas após cada atendimento, não sendo permitido o uso de um mesmo avental e das mesmas
luvas para atendimento de mais de um paciente. Sempre, após a remoção desses EPI, deve-
se realizar a higiene das mãos.
Para os casos descartados de MPX, as precauções devem ser ajustadas e devem ser
adotadas as medidas de prevenção de acordo com a forma de transmissão da doença
diagnosticada.
Todos os instrumentos utilizados nesses pacientes devem ser limpos e desinfetados ou
esterilizados (de acordo com a sua finalidade) antes e após o uso. Nos casos de pacientes
hospitalizados, sempre que possível, equipamentos, como estetoscópios, esfigmomanômetro
e termômetros, devem ser de uso exclusivo para atendimento desses pacientes.
Os pacientes e acompanhantes devem ser orientados a não compartilhar pratos, copos,
talheres, toalhas, vestuário, roupas de cama ou outros itens com outras pessoas.
Recomenda-se a adoção de medidas administrativas para evitar aglomeração nas áreas
comuns, como refeitórios, copas, lanchonetes e salas de descanso/repouso; considerar
instalação de marcações e sinalizadores para o controle do distanciamento entre
trabalhadores da saúde, pacientes e acompanhantes no âmbito dos espaços em que são
prestados os serviços de saúde.
Recomenda-se que os procedimentos de limpeza e desinfecção das superfícies, das mobílias
e dos ambientes sejam realizados após cada atendimento, utilizando os produtos saneantes
devidamente regularizados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), seguindo
as orientações do fabricante quanto à concentração, ao tempo de contato e ao cuidado no
manuseio do produto.
Paciente em isolamento no domicílio
O paciente deverá permanecer em isolamento, quando possível, em quarto/ambiente
ventilado e em cama separada, ou manter distanciamento de pelo menos 1m.
Demais medidas também devem ser adotadas, tais como:
● Utilizar máscara (trocando quando úmidas ou danificadas), protegendo as lesões
(usando camisas com mangas compridas e calças);
● Limpar frequentemente (mais de uma vez por dia) as superfícies que são
frequentemente tocadas com solução contendo água sanitária, incluindo o
banheiro;
● Roupas pessoais, roupas de cama e roupas de banho do paciente não devem ser
sacudidas e nem reutilizadas por outras pessoas, devem ser lavadas separadamente,
com sabão comum e água entre 60 e 90°C. Na indisponibilidade de água aquecida,
pode ser utilizada solução contendo água sanitária;
● Realizar higiene das mãos antes de ir ao banheiro, de cozinhar ou se alimentar, ou
sempre que necessário;
● Usar toalha descartável ou trocar as de tecido sempre que estiverem úmidas, na
impossibilidade da lavagem das mãos, utilizar álcool 70%;
● Não compartilhar talheres, os quais, devem ser lavados com água entre 60-90°C e
sabão comum. Na indisponibilidade de água aquecida, pode ser utilizada solução
contendo água sanitária;
● Recomenda-se que os resíduos produzidos pelo paciente em isolamento domiciliar ou
por quem lhe prestar assistência, em caso suspeito ou confirmado de contaminação por
Monkeypox, sejam separados, dispostos em sacos de lixo duplos, resistentes e
descartáveis, os quais devem ser bem amarrados antes do descarte e coleta final pelos
serviços municipais de resíduos (WHO, 2022).
● Pessoas com MPX devem evitar o contato com animais (especificamente mamíferos),
incluindo animais de estimação. Caso um animal que teve contato com uma pessoa
infectada apresente sinais ou sintomas (por exemplo, letargia, falta de apetite, tosse,
inchaço, secreções ou crostas nasais ou oculares, febre, erupções cutâneas), entre em
contato com autoridades sanitárias.
● Orientar, em relação à atividade sexual, abstenção durante toda a evolução da doença,
uma vez que é uma possível via de transmissão e o uso de preservativo não elimina o
risco de contágio.
● Pessoas ou profissionais que tenham contato com o paciente em isolamento domiciliar
devem evitar tocar as lesões do paciente e em caso de necessidade de manejo, usar
luvas descartáveis e lavar as mãos com água e sabão, antes e depois do contato.
● A equipe do Call Center Municipal deverá realizar o monitoramento e acompanhamento
clínico do paciente, preferencialmente por telefone, a cada 24h no 1º e nos 21º dias de
acompanhamento. E, caso seja necessário realizar atendimento presencial, por meio de
visita domiciliar (VD).
● Sendo Confirmado para Mpox, o isolamento domiciliar do indivíduo, só deverá ser
encerrado após o desaparecimento completo das lesões.
Atenção:
● Todas as pessoas que apresentarem sinais ou sintomas sugestivos de monkeypox
(MPX) (casos suspeitos, prováveis ou confirmados) devem realizar isolamento
domiciliar.
● Os casos suspeitos devem permanecer em isolamento domiciliar até a liberação do
resultado dos exames laboratoriais confirmatórios para a infecção, quando serão
reavaliados pela equipe de assistência e reorientados em relação à necessidade de
continuidade ou não do isolamento.
● Os casos confirmados e prováveis devem permanecer em isolamento domiciliar até o
desaparecimento dos sinais e sintomas, com queda de todas as crostas e completa
cicatrização da pele.
Monitoramento dos contatos
A OMS considera contato de caso a pessoa que teve uma ou mais das interações descritas
abaixo:
● Contato físico direto, incluindo contato sexual, com parcerias múltiplas e/ou
desconhecidas nos 21 dias anteriores ao início dos sinais e sintomas; E/OU
● Exposição próxima e prolongada, sem proteção respiratória, OU história de contato
íntimo, incluindo sexual, com caso provável ou confirmado de monkeypox nos 21 dias
anteriores ao início dos sinais e sintomas; E/OU
● Contato com materiais contaminados, como roupas de cama e banho ou utensílios de
uso comum, pertencentes a um caso provável ou confirmado de monkeypox nos 21
dias anteriores ao início dos sinais e sintomas; E/OU
● Trabalhadores de saúde sem uso adequado de equipamentos de proteção individual
(EPI) com história de contato com caso provável ou confirmado de monkeypox
nos 21 dias anteriores ao início dos sinais e sintomas.
O monitoramento dos contatos será realizado a cada 24h, preferencialmente por via
ligação telefônica ou teleconsulta, por um período de 21 dias desde o último contato com o
paciente, pela equipe do Call Center. O monitoramento, deve cobrar a aferição de
temperatura duas vezes ao dia, realizada pelo paciente ou familiar e comunicado à equipe.
Os contatos assintomáticos (incluindo os trabalhadores de saúde) não devem doar sangue,
células, tecidos, órgãos, leite materno ou sêmen durante o monitoramento.
Atenção:
● Se o resultado do exame do caso suspeito seja negativo/não detectável, recomenda-
se
a interrupção do monitoramento do contato.
● Se o resultado do exame do caso suspeito for positivo/detectável, recomenda-se a
manutenção do monitoramento do contato por um período de 21 dias, desde o último
contato com o paciente.
● Não há necessidade de isolamento dos contatos assintomáticos. Em caso de
contactantes com sintomas sistêmicos e sem lesão cutânea, considerar isolamento e
coleta de swab de orofaringe. Caso um contato apresente lesões mucocutâneas, o
fluxo para casos suspeitos deve ser seguido.
● Pessoas infectadas pelo MPX que fazem parte da população vulnerável (gestantes,
crianças menores de 8 anos e imunossuprimidos) precisam de uma atenção
diferenciada devido ao maior risco de agravamento do quadro clínico, e necessitam
de monitoramento diário, preferencialmente pela equipe da APS, até a remissão dos
sinais e sintomas e epitelização da pele.
Observação: Não há necessidade de isolamento dos contatos assintomáticos.
Critérios para internação
No momento do diagnóstico e no monitoramento, os pacientes devem ser avaliados em
relação à presença de sinais e sintomas de gravidade. Embora incomum, os pacientes com
MPX podem desenvolver complicações graves. Recomenda-se internação hospitalar nas
seguintes situações:
● Sepse
● Erupções cutâneas múltiplas com infecção bacteriana secundária
● Lesão extensa em mucosa oral, limitando a alimentação e a hidratação via oral
● Lesão extensa em mucosa anal/retal, evoluindo com quadro hemorrágico e/ou
infeccioso secundário à ulceração
● Rebaixamento agudo do nível de consciência ou confusão mental
● Dispneia aguda
● Linfonodomegalia cervical com disfagia
● Desidratação
● Lesões cutâneas coalescentes afetando mais de 10% da superfície corporal total
● Número de erupções cutâneas:
1. 100 ou mais para a população em geral;
2. 25 ou mais para a população vulnerável (gestantes, imunossuprimidos e crianças com
menos de oito anos de idade).
Tratamento
Não há tratamento específico para monkeypox. Assim, devem ser adotadas medidas de
suporte clínico que envolvem manejo da dor e do prurido, cuidados de higiene na área
afetada e manutenção do balanço hidroeletrolítico. A maioria dos casos apresenta sintomas
leves e moderados. Em casos graves, com comprometimento pulmonar, o oxigênio
suplementar pode ser necessário. Na presença de infecções bacterianas secundárias às
lesões de pele, deve-se considerar antibioticoterapia.
Cuidado com lesões mucocutâneas
As lesões de pele devem ser mantidas limpas e, quando houver necessidade de transporte
ou contato com outras pessoas, as áreas expostas devem ser protegidas por lençol,
vestimenta ou avental com mangas longas. Utilizar curativo para proteger a área, caso seja
orientado pela equipe assistencial. Adicionalmente, recomenda-se:
● Evitar tocar nas lesões e levar as mãos à boca e/ou aos olhos.
● Não romper vesículas e pústulas.
● Realizar a higienização da pele e das lesões com água e sabonete.
● Caso diagnosticada infecção bacteriana secundária, esta deve ser tratada conforme
prescrição médica.
● Antibioticoprofilaxia não é recomendada para MPX.
Imunização
Atualmente, pelo menos duas vacinas de varíola estão em uso no mundo. Porém, somente
uma vacina (MVA-BN) foi aprovada para aplicação específica contra a monkeypox. A OMS
ainda não possui recomendações exclusivas em relação à vacinação, no entanto considera a
possibilidade da vacinação pós-exposição de pessoas sob maior risco que tiveram contato
próximo a caso suspeito, idealmente nos primeiros quatro dias após o contato.
Com base nos riscos e benefícios atualmente avaliados e independentemente do suprimento
da vacina, a vacinação em massa, contra o monkeypox, no momento não é recomendada
pela OMS. A OMS orienta que sejam adotadas estratégias robustas de vigilância e
monitoramento dos casos, investigação e rastreamento de contatos para a doença. Desta
forma, será possível a identificação do grupo de maior risco de infecção e, portanto, as
prioridades para a vacinação, se este for o caso.
Referências
● BRASIL. Ministério da Saúde. Centro de Operações de Emergência em Saúde
Pública:COE Monkeypox. Plano de Contingência Nacional para Monkeypox. Brasília-DF.
2022
● MINAS GERAIS. Secretaria de Estado de Saúde. Centro de Informações Estratégicas
em Vigilância em Saúde. Nota Técnica nº 9/SES/SUBVS-SVE-CIEVS/2022
● Nota Informativa 08/2022, Município de Pará de Minas.
● BRASIL. Ministério da Saúde.Monkeypox, Orientações Técnicas para assistência à
saúde. Brasília-DF. 2022
Viviane Cristina de Carvalho
Presidente da Comissão Técnica de Emergências em Saúde
Ana Clara Teles Meytre
Secretária Municipal de Saúde